Nos trabalhos de Boullée verificaremos que a imagem mais forte é a da pirâmide. Na sua obra as pirâmides aparecem sob as mais diversas configurações estéticas e imaginárias: sob formas de conjugação com outras formas e associações em distintos projetos.
Sendo assim,não se tratavam de réplicas da antiguidade clássica nem eram vistas como modelo ideal (como no renascimento) e sim tratavam-se de inovações baseadas em imagens do passado. De onde teria vindo e qual o significado desta imagem? A imagem utilizada no presente é sempre uma imagem que se utiliza para destruir, recompor ou reestruturar uma outra determinada imagem, mas que se quer destruir e substituir. No caso específico do século XVIII, a imagem predominante a ser transformada é a imagem dos projetos que utilizam elementos greco-romanos, ou seja, é a imagem utilizada no Renascimento, no Barroco, enfim, é a imagem permanente de uma civilização cristã que se consubstancia na fusão desses dois elementos originários da Grécia e Roma, para a execução das suas basílicas e igrejas.
Curiosamente, no entanto, a imagem preferencial da pirâmide, é fundida a elementos clássicos. A pirâmide constitui o arquétipo de referência tornado conciliador com a inclusão de um diálogo com as formas clássicas mostrando assim que existe uma forma fundamental e que esta forma pode secundariamente abrigar as formas conhecidas do passado clássico.
Boullée faz esta associação, como por exemplo no desenho de uma necrópole fúnebre, um tema a partir do qual nasce o protótipo para o novo cemitério cívico, aonde há uma arcada romana perfurando a pirâmide e um templo abrigado também no seu interior. É a mesma imagem da gestação dos objetos clássicos através de uma civilização anticlássica.
Em outros desenhos de Boullée, a forma piramidal é substituída por um tronco de cone, tal como no projeto de um farol de orientação dos navios. A imagem deste projeto vem através das descrições dos tradutores historiográficos romanos.
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