sábado, 7 de julho de 2007

Referêcias bibliográficas

http://pt.wikipedia.org/wiki/Étienne-louis_boullée

http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq067/arq067_01.asp

http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp095.asp

http://www.eesc.usp.br/sap/revista_risco/Risco2-pdf/ref4_risco2.pdf

http://www.vivercidades.org.br/publique222/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1105&sid=21

http://dici.ibict.br/archive/00000697/01/T037.pdf

http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/arquitetura587.asp

Livros:
Arquitetura: Forma , Espaço e Ordem.

Arte x Ciência x Lucro



Boullée discordava da definição de Vitrúvio de que a arquitetura é a arte de construir.Pois considerava ser isso, a parte científica da arquitetura e não artística.Acreditava que por não haver distinção entre a ciência e a arte, a arquitetura estaria ainda em sua infância .
Acreditava que o arquiteto, por ficar sobrecarregado por inúmeras demandas e ser forçado a se dedicar aos negócios a que lhe são confiados permanecendo sempre ocupado com as tarefas solicitadas acabava sendo afastado dos progressos da arte já que não podia a ela consagrar todos os momentos necessários. Além disso, o arquiteto acaba se submetendo às vontades e pedidos tanto dos particulares quanto das autoridades que ordenam a construção de monumentos públicos acabando por renunciar as suas belas idéias, já que para ser mantido deveria agradar os clientes. Dessa forma o artista é impedido de ouvir a voz da alma.
Achava que os artistas da arquitetura não adquiriram o grau de perfeição das outras artes.Já que os poetas e pintores têm a vantagem de escolher livremente suas temáticas e como estão mais perto da natureza , suas obras agem mais sobre nossa alma.


"..É necessário, entretanto, concordar que as belezas
da arte não são demonstradas como verdades
matemáticas; e ainda que essas belezas emanem da
natureza, para senti-las e delas fazer aplicações felizes,
é preciso ser dotado das qualidades de que a natureza é avara...”


sexta-feira, 6 de julho de 2007

Inspirado em Boullée






Um programa pouco comum, o crematório projetado por Mauricio Gaviria, Hector Mejía e Felipe Uribe em Medellín ocupa, segundo o texto de Roberto Segre, um ponto intermediário em relação às diversas perspectivas com que a arquitetura sempre encarou as propostas de abrigo para os mortos: estabelece um relacionamento preciso com a paisagem do local e resgata a monumentalidade clássica de Étienne-Louis Boullée por meio de formas geométricas simples, “reelaboradas em chave contemporânea”.O Templo das Cinzas e Crematório, no Parque Cemitério Campos de Paz, em Medellín, constitui uma obra original, num tema pouco usual na América Latina. E recebeu reconhecimento nacional e internacional: o primeiro prêmio na Bienal Colombiana de Arquitetura e o Prêmio Arquitetura com Mármore, em Carrara, Itália.

O elemento dominante da composição é o paralelepípedo trapezoidal que contém o templo das cinzas, desenhado para abrigar 23 mil restos mortais. A “nova” monumentalidade se manifesta no paradoxo expresso pela simultaneidade de peso e leveza.
Apesar de a maioria de suas obras não terem sido executadas, Boullée deixou todo um legado teórico que serviu de inspiração para várias gerações.

A Forma e a Obra


Cenotáfio de Newton
http://gallica.bnf.fr/

A utilização dos sólidos primários era uma característica marcante nas obras de Boullée. Cubos, cones,esferas, cilindros e pirâmides eram constantes nos seus projetos.
Quase não utilizava ornamentação, o que ressaltava ainda mais a pureza e a imponência da forma geométrica.

Em Boullée, as formas significam por si mesmas. Havia um grande fascínio pela esfera, remetia ao sol, ao universo. É centralizada e altamente concentrada.
Contém todas as propriedades dos corpos regulares: simetria exata-nenhum efeito ótico pode jamais alterar a magnífica beleza de sua forma; unidade entre simetria e variedade máxima-somente um dos pontos (da superfície) se oferece perpendicularmente aos nossos olhos; visão da maior superfície -circunstância que faz majestoso o corpo esférico (isto é, em imagem da magnificência); a forma mais simples -sua superfície não tem interrupção alguma; por fim, sua figura é delimitada pelo mais agradável dos contornos). A esfera é imagem da
perfeição; à sua excelência reúnem-se, dentre outras, a simetria e a imagem da ordem
O cenotáfio para Isaac Newton é seu melhor exemplo.
Embora nunca executado, esse projeto circulou entre os principais círculos profissionais da época. A grandiosidade em seus desenhos levou a que ele fosse caracterizado como visionário e megalomaníaco.

"Forma Pura"


Boullée: Farol Marítimo
http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq067/arq067_01.asp
Cénotaphe dans le genre égyptien

“O elemento mais simples é o mais perfeito, o corpo puro é o mais perfeito”

Boullé defende que a “forma é pura”, os projetos baseiam-se em formas geométricas puras despidas de toda decoração devido ao desejo de grandiosidade.Propôs obras inovadoras, com espaços bem delimitados, a partir de uma valorização da ordem e da potencialidade geométrica .

Para Boullé, a regularidade é essencial e estabelece os princípios construtivos da arquitetura, seu valor artístico deve-se a que sua “regularidade e simetria são a imagem da ordem”. Boullé ainda argumenta que a analogia, variedade e harmonia, em relação à simetria devem ser necessariamente supostas como deduzidas da imagem de ordem.
Para ele, a arquitetura não é relativa ao espaço em que se situa, é uma forma do pensamento sobre uma natureza informe e irracional. O pensamento que se manifesta na forma é social e político, é humano, por isso deve ser geométrico e regular.

Arquitecture Parlante

Hôtel Alexandre - Façade sur cour
Porta de cidade com canhões, arquiteto Etienne-Louis Boullée, fins do séc. XVIII. Imagem: Tres arquitectos revolucionarios: Boullée, Ledoux y Lequeu.
Fotos:

1)http://www.vivercidades.org.br/publique222/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=21&infoid=450&sid=21

2)http://fr.structurae.de/structures/data/index.cfm?ID=s0018005


Para Boullée a arquitetura é a arte de conceber imagens e não de construir.
A arquitetura boulleana busca expressar seus propósitos por si só.
Seus projetos se libertam das normas mas passam a buscar uma ordem classificatória - organização entre as coisas (caráter tipológico).
Concebem-se as imagens mediante a pesquisa, busca-se um esquema genérico comum entre objetos comparados ‑ o tipo (basílica, teatro, palácio, etc.) O raciocínio de Boullée é pleno de alusões à idéia de funcional.
O significado deve aparecer na forma. Boullé diz que ao olhar um objeto, o primeiro sentimento experimentado “é de que maneira o objeto nos afeta”. Denomina de caráter “o efeito que resulta deste objeto e que o que causa em nós uma determinada impressão”
Procurou não se limitar aos antigos mestres e nem imitá-los.
Acreditava que o estudo da natureza oferecia recursos para o desenvolvimento da arte da arquitetura e por isso nela procurou sua inspiração.Buscou investigar a teoria dos corpos,analisá-los, procurar reconhecer suas propriedades,sua força sobre nossos sentidos e sua analogia com nossa organização.

Para Boullé, a arte é símbolo, a arquitetura deve falar, daí a definição de arquitetura parlante.
A regularidade geométrica fala, enquanto o disforme é mudo.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

A Biblioteca

Bibliothèque du Roi, Bibliothèque Nationale, Biblioteca Nazionale di Parigi
http://www.vitruvio.ch/arc/neoclassical/neoclassico_f/bibliothequeduroi.php


Boullée inaugura a segunda geração das edificações de bibliotecas, apresentando em seus projetos o exercício à consagração de dar forma a um relicário, a um conservatório das experiências expressadas pelo homem, transportando seus usuários a um lugar sublime, mas mantendo em destaque o espaço do acervo. No que se refere à bibliotecas o estilo boulleano se caracteriza por apresentar um formato alongado como um largo corredor que mantém intermináveis estantes onde o usuário deve buscar a obra.
Na obra Nouvelles Alexandrias, Boullée criou um estabelecimento cultural do gênero basílica ao deixar aparente as obras para que os usuários pudessem admirá-las e serem por elas seduzidos, o qual tornava irresistível o contato visual mas mantinha os leitores fisicamente distantes do acervo separados por uma mureta que os intimidava, pela grandiosidade projetada pelo estilo que valorizava a metáfora da biblioteca como memória do mundo destacando o sentido de preservação e conservação – valor de uso.


A iluminação pela luz natural também era fator condicionante da leitura, haja visto que os usuários concentravam-se no espaço iluminado e há uma ausência de claridade ao fundo, problemas que, possivelmente, não foram solucionados pelo estilo boulleano.

A Pirâmide

Boullée: Necrópole Fúnebre / Spiral Tower- Torre a spirale
http://www.vitruvio.ch/arc/neoclassical/neoclassico_f/spiraltower.php

Nos trabalhos de Boullée verificaremos que a imagem mais forte é a da pirâmide. Na sua obra as pirâmides aparecem sob as mais diversas configurações estéticas e imaginárias: sob formas de conjugação com outras formas e associações em distintos projetos.
Sendo assim,não se tratavam de réplicas da antiguidade clássica nem eram vistas como modelo ideal (como no renascimento) e sim tratavam-se de inovações baseadas em imagens do passado. De onde teria vindo e qual o significado desta imagem? A imagem utilizada no presente é sempre uma imagem que se utiliza para destruir, recompor ou reestruturar uma outra determinada imagem, mas que se quer destruir e substituir. No caso específico do século XVIII, a imagem predominante a ser transformada é a imagem dos projetos que utilizam elementos greco-romanos, ou seja, é a imagem utilizada no Renascimento, no Barroco, enfim, é a imagem permanente de uma civilização cristã que se consubstancia na fusão desses dois elementos originários da Grécia e Roma, para a execução das suas basílicas e igrejas.

Curiosamente, no entanto, a imagem preferencial da pirâmide, é fundida a elementos clássicos. A pirâmide constitui o arquétipo de referência tornado conciliador com a inclusão de um diálogo com as formas clássicas mostrando assim que existe uma forma fundamental e que esta forma pode secundariamente abrigar as formas conhecidas do passado clássico.
Boullée faz esta associação, como por exemplo no desenho de uma necrópole fúnebre, um tema a partir do qual nasce o protótipo para o novo cemitério cívico, aonde há uma arcada romana perfurando a pirâmide e um templo abrigado também no seu interior. É a mesma imagem da gestação dos objetos clássicos através de uma civilização anticlássica.
Em outros desenhos de Boullée, a forma piramidal é substituída por um tronco de cone, tal como no projeto de um farol de orientação dos navios. A imagem deste projeto vem através das descrições dos tradutores historiográficos romanos.

O Cenatófio

Projeto de um cenotáfio para Isaac Newton
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tienne-Louis_Boull%C3%A9e
http://www.vitruvio.ch/arc/neoclassical/neoclassico_f/newtonscenotaph.php

É no espírito das luzes que vive Etienne- Louis Boullée ; um visionário arquiteto neoclássico francês, que teve grande influência em sua geração.
Por serem, muitas vezes, inconcebíveis, seja devido às escalas exageradas, falta de recursos financeiros,ou a precariedade técnica da época, a maior parte dos edifícios que projetou ficaram apenas no papel.
Sendo assim, sua obra teórica é mais profícua que seus projetos arquitetônicos.


O melhor exemplo desse estilo boulleano foi o projeto de um cenotáfio para Isaac Newton em 1790,que teria a forma de uma esfera com 150m de diâmetro firmemente incrustada numa base circular ornada com ciprestes. Cria uma ambiência esférica interior que também apresenta buracos no teto com entradas de luz natural que representam um céu estrelado real. O monumento representaria o universo.

Boullée por Boullée



City gate, Porta della città/City gate with guns - Porta della città con cannoni
Square Temple - Tempio quadrato/Newton's Cenotaph - Cenotafio di Newton
http://www.vitruvio.ch/arc/neoclassical/neoclassico_f/squaretemple.php
http://www.vitruvio.ch/arc/neoclassical/neoclassico_f/citygate2.php
http://www.vitruvio.ch/arc/neoclassical/neoclassico_f/citygate.php

Foi como teórico e professor da École Nationale des Ponts et Chaussées , entre 1778 e 1788 que Boullée causou impacto, desenvolvendo um estilo racional, geométrico e abstrato, inspirado nas formas clássicas.
O ideal de Boullée era uma arquitetura de nobreza majestosa, um efeito que ele procurou conseguir através da combinação de grandes massas simples.
Sua característica principal foi remover toda ornamentação desnecessária , aumentando as formas geométricas para uma escala imensa e repetindo elementos como colunas de forma colossal.


Havia um marcante repúdio à irregularidade, perseguira efeitos sublimes nas massas dos corpos e nos contrastes de luminosidade.
Boullée promoveu o conceito de fazer a arquitetura expressar seus propósitos, o que levou seus detratores a chamá-la de "arquitetura parlante" e a serviço do progresso social e se tornou um dos elementos essenciais da arquitetura de Belas Artes no século XIX .